sexta-feira, 27 de março de 2009

Mãos


...Tocas o azul na procura de acender um pavio...

e molhada pela vaga da maré
a Luz te deita um desafio:

- Não ponhas só tuas mãos!
Sente a areia pisada
debaixo do teu pé!

E descobre então...onde reside a tua fé!?


domingo, 22 de março de 2009

Riba e além do rio


Sou filha de um touro da lezíria verde
E de frágil papoila, da seara que dança.

Navego dentro da canoa de um rio...

O sangue é o trigo maduro que se ergue
E corre entre os ribeiros de água mansa.

Mas é na cidade que o sonho é quente e frio...

Sinto dentro de mim a força do animal
Em mim florescem flores que dão sinal.

Paz todos os dias, às marés eu suplico...

E neste desafio, as palavras eu edifico!


quarta-feira, 18 de março de 2009

Verdes


...no meio da serenidade das águas
dançam penas alvas de claridade
na paz que minh`alma, chora em saudade...

...aguarelas de verdes, escondem as mágoas!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Pedra Violeta


Tenho uma linda boneca de pedra

Deitada sobre suave almofada

Seu corpo envolto em lençol de seda

Seu sono leva voando, sonhos de fada.


Não lhe toco, não a olho, não lhe falo

Nem a quero acordar do seu leito

É de cor violeta feito um embalo

Embeleza o meu canto, ao seu jeito.


A ladainha, que escuta quando estou cansada

Talvez ela tenha para mim guardada

Quando sussurro baixinho, em meu querer.


Num dizer, em que me sinto desfalecer

Talvez ela seja uma primavera a crescer

Bonequinha, feita pedra que se faz amada!

quarta-feira, 11 de março de 2009

Vida*


...um silêncio, um soluço, um suspiro, um ai...
lá em baixo no rio, uma onda a baloiçar
salpicou meus olhos, ao te pegar...
era então já de noite...
e também fazia luar...
Tu, o meu pequenino menino
fizeste do nosso estar, um eterno hino!

Mãe...aprendeste depois a me chamar!


* Para ti meu gatinho, sempre o doce do meu colinho

segunda-feira, 9 de março de 2009

Conjugação



Tu não vês que eu, amor não posso
Conjugar sentimentos dessa maneira
Eu queria utilizar a palavra no plural
Na primeira voz, não na terceira.

E sabendo tão pouco de gramática
Com receio até de cometer engano
Pela alegria do pouco, amizade fica
Pela dor de muito, o secreto dano.

Que importa agora afinal a conjugação
Se são eles que têm os verbos na mão
E nós, a vida que corre e nos não entende?

Chamar-te sem nome, é já consolação
Sentir-te sem tempo, doce recordação
Importa sim: amor que se não vende!

quinta-feira, 5 de março de 2009

Fonte adormecida




Cá dentro brotam as palavras
de uma fonte adormecida
em que silêncio as fez guardadas...

palavras que na seca em procura
se beijaram com ternura
e me deixaram esquecida
numa Primavera, tão escondida!

As palavras...amadas
na poesia de almas aladas...

um silêncio, que as guardou
na aurora do azul a sonhar...

...um dia, alguém as levou!

E nasceram, asas, estrelas e luar!