quarta-feira, 29 de abril de 2009

Bailado no rio


Danço com as lágrimas do meu rio
Pelas brumas, às gaivotas eu sorrio
Nua, sinto a pele como suave sereia
Ensaio a Valsa, desafio a lua cheia.

Num ensaio de passos, muito meu
O Tango rodopia em delírio de apogeu
Toco o céu, com Vivaldi, em Adágio
E o meu corpo namora com o rio.

Vem toda a música encantada, pelo ar
Abraçar feitiço, do meu leve momento
E os peixes se enfeitam de algas, a cantar

É a terra toda a festejar o evento
Até flores na margem vejo dançar
E por fim, subo ao infinito com o vento!


Imagem das minhas mãos com composição de amigo

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Vida **


Era a mais bela tarde, que me pôde acontecer
de todas as tardes quentes que a Vida possa ter

Tu vieste, no princípio do tempo me oferecer!

Era já tarde, mas tão cedo me trouxeste
a vontade parida em botão, de flor nascer

E no meu seio te deitaram, choraste
para o teu choro eu beber
e jamais connosco, ouve entardecer!

Tardes...as guardes, no Cântico do teu Viver!

**Para ti minha princesinha o condão da minha varinha

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Além...


Trago nas veias de sangue, entranhado
Pelas veredas e caminho de pé, pisado
A música que os pássaros cantavam
Quando meus olhos por ti chamavam.

Trago fecunda a verdade do teu querer
Pelas vertentes do meu corpo a correr
As cores, da rosa vermelha branqueavam
Quando os meus lábios por ti passeavam.

Trago enfim todo o meu corpo a gritar
Quando orvalho em meu peito vejo sangrar
Pelos dias, pelas noites, do meu leito...

E sonho, sonho que ainda recordas como era
Que ainda nos acalenta a nossa espera
Trago esse amor que dilacera, no meu peito!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Árvore


Era condão, que ternura encerra

Do tamanho de carinhosa mão

Trazia raiz no bolso da terra

E o verde na alma em coração.


Um dia o bolso estava descosido

E deixou o alimento cair ao chão

Depressa como um verso esquecido

Foi apanhada e posta noutra afeição.


Não sei o que a tinha na vida

Se a dor, se a cor, se a solidão

Mas era canção assim vestida


Com as pétalas sagradas da ilusão

Cantava como se fosse toda colorida

E ninguém decerto sabia, a sua condição!

sábado, 18 de abril de 2009

Condição


o sol brilha no horizonte
a água corre da fonte
a ave faz o seu ninho
a veste é de puro linho

...voas na asas sagradas da tua decisão
nem sempre depois de um sim, nasceu um não...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Singela


Entre paredes de tijolo
encostada a uma tábua
surgiu debaixo do solo
com um amarelo singelo
salpicado de verde em folha
a dor de uma mágoa.
Uma simplicidade de ser
um terno olhar na recolha
o seu doce nascer
flor linda de se ver.
Só por isso eu a acolhi
quando ela me chegou de ti
desafiando o sol na cor
enfeita o coração de amor!
E a dor se esqueceu
quando o carinho nasceu!

* Foto oferecida por um amigo do meu Caminho

terça-feira, 14 de abril de 2009

Rosto de Mar


Na pedra talhada do pontão
está um rosto cinzelado
por doce e poeta mão
esculpindo um sorriso
onde era ele mais preciso
no meio de nostálgica condição.

Tem um rosto de anjo, ou talvez não
tem uns olhos em formato de coração
parece um ser mitológico de magia
a quimera de alguma ilusória utopia.

Aconteceu no meu seio, anilando alegria!

Não sei como foi que aquele sonho
surgiu da mão que o enfeitiçou
mas sobre a alma eu deponho
que com todo o carinho o emprestou.

No cimo, asas de azul, brancura a voar...

não...não o consigo eu jamais clarear
corro o risco, de algum deus me levar!

domingo, 12 de abril de 2009

Sorriso


Chorei...hoje chorei tanto
e com as lágrimas salgadas do pranto
enterneci na verdade, do meu espanto...

deixei correr o silêncio da minha saudade
que me chamava louca...e era verdade!

e então decidi:

no orvalho, brisa do passado que se leva
com a ternura do presente que me sossega
um sorriso ao futuro eu concedi...

Nesta Luz...uma Ternura que me eleva!

* Foto: o meu sorriso enfeitado por um amigo

terça-feira, 7 de abril de 2009

Acontecer



Rosa era a cor que tapava o muro
Vestida de um singelo perfume puro
Não era que o espaço fosse feio
Mas existia do outro lado, o enleio.

Não sei se procurar felicidade era seguro
Nem sei, se procurar verdade censuro
Só sei que escutei: - Estar feliz é bom
Observei: - Ser feliz, tem outro tom.

Nem sei que mais gosto de conhecer
se a felicidade que mora ao pé do ser
se aquele estar que voa um só momento

Chego a conclusão alguma, no pensamento
deixo ele voar, com a brisa rosa do lamento
ser e estar, formas de flor enfeitar seu viver!


domingo, 5 de abril de 2009

*Papoila


Assim perdida em pedra cinzenta e fria

Apenas na cor da paixão que tinha, se aquecia
Tinha olhos de rio em verso de nostalgia
Mas se lhe pagavam ao colo ela sorria...

Fragilidade...o sorriso...e adormecia!

E sonhava...e num bailado sem idade
Bebia saudade do arco-íris que o sonho lhe oferecia!

Fugaz era a vida...e à Mãe Terra depressa voltaria!

* Foto: adornada e oferecida por alma querida


quarta-feira, 1 de abril de 2009

Berço



Tens no corpo mil jardins de luar
Nas colinas falas com a saudade
Um poema te fez a menina do mar
E nessa cor, tu abrigas tua vontade.

Trazes na calçada do teu velho casario
O sol, em varinas de sonho emprestado
Trazes espelhado um sorriso, do teu rio
Dos amores que cantam teu sentido fado.

Teus cabelos são o castelo, senhora devota
Sopram velas brancas, um voo de gaivota
E passam procissões de flores à tua porta

És enfeitada de maresia que te faz vaidosa
Berço em que se nasce em verde alfacinha
A doce menina, que nasceu p`ra ser rainha!