segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Cinzento


Perfil de vermelho armado na luz de dor em cinza
Um rio que convida, num esperar de curta viagem
Um cinzento brumoso, as nuas árvores agoniza
Conversando igual, com vozes doutra margem.

Pára a vida, numa chuvinha que alumia
Uma tarde que parece um texto de sono
Rodando, o barulho do piso é sinfonia
Que se ouve, em lamento de abandono.

E passam fios, passam ventos, passam cinzentos
Passam frios bem entrelaçados dentro do peito
E a tarde se deita, com vontade da noite em jeito...

E corre na velocidade aquele brilho tão perfeito
De uma lágrima que enfeita a chuva em lamentos
E o Tempo diz: - cinza tem também seus momentos!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Tempo


Guardo as pedrinhas todas do meu crescer
Faço com elas a pulseira de um cântico novo
Como se um dia, me pudessem valer...
No afagar que me levará com elas no Tempo
Fazendo uma ode a quem faz parte do povo
Uma brisa, um vento, um lamento...

e um dia...enfeitarei a terra, a quem darei o meu ser!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Explosão

Acrílico em tela

explosão de cor no meu sentido interior
como o sol a desenhar arco-irís de amor
vindo da noite, que sonhava sem luz
docemente em arco que se seduz
cresceu quente e ganhou verde amor
abriu as fronteiras de alma em flor
e desfazendo algum mal da vida
limpou a dor, como se fosse ferida...

não sei como depois ficou meu ser
porque da explosão, nasceu adormecer
nas asas da luz que transbordou
a faísca do sentir em brasa acalmou
e o frio que era tanto e tão espinhoso
como magia, feito clarão gracioso
aqueceu meus pés, aqueceu meu coração
e fiquei a dormir, como se fosse alucinação...

e tão quieta fiquei na senda de Morfeu
que até seu pai Hipnos, se enterneceu
me deixou dormir, no meio de ébano em flor
e eu cresci dentro do sonho, segredando amor!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

E o "baile" faz um anito!...


Os aniversários (dizem) são quando se faz anos disto ou aquilo. Hoje, e para ser diferente e porque haverá por aí muita gente que provavelmente se interrogará: - será que ela escreve uma palavrita a direito, sem lá a enfeitar com a rima? - vim de forma corrida...ah, mas não prometo deixar de rimar…quando se começa, é difícil terminar! :)

E…troco pela minha rima, um sorriso aqui e ali, numa alma cansada, uma dor mal amanhada, um desafio à vida, numa lágrima perdida…enfim, quando criei este espaço, trazia na ideia o desejo de partilhar os versos, com que tanto me identifico, que escrevo quando medito, que escrevo no tempo, que já nem sei se tem tempo que não sabia escrever…sei que a maior parte dos meus visitantes compreende o que falo…digo que sei, porque muitos aprendi a respeitar pela sua maneira de ser e de se expressar…sim, porque aqui só usamos a palavra e pouco mais…e porque já diria alguém: - “em cada palavrinha escrita, deixamos um pedacito da nossa pele” - e por isso hoje decidi então deixar por aqui ao abandono da ideia, sem ter de pensar em rima para ela, a minha pura dedicação e o meu muito obrigada a todos que ao longo deste ano, foram uma companhia querida. Uns permaneceram, outros chegaram e partiram, outros resolveram apenas passar em silêncio…afinal a todos tenho de agradecer! Pouquitos mas muito bons, tenho a dizer! :)

OBRIGADA PELO CARINHO QUE ME TÊM DADO!


Ah, essa aí de cima sou eu, junto do Mar claro, podia lá ser de outra forma?!:)…o Sal tempera e como lágrimas eu deito tantas, na minha pura “lamechice”, onde melhor “enterrá-las” do que no sítio mais temperado que banha a terra num sussurro tão “poetizado”?!…e vou, que se faz tarde…e vou tentar não desapontar…afinal tudo tem um propósito...trocar poesia, pela vossa alegria e simpatia…e dar a esse espaço de troca, a Paz que temos na mão e deixamos fugir sem dar conta, aí pelos atalhos…pois que seja e fique, com muito doce no coração!

E fica meu beijo, a todos que cruzaram as portas do “baile” como uma dança de salão!...umas vezes valsa, outras tango, outras milonga…e porque não moderna, folclore, quizomba…mas sempre dançando com uma flor que deixa no ar o perfume do carinho, salpicado por amor!...seja hoje, amanhã ou quando for…seja!…um dia se terminar espero ser com uma chave de ouro, em que guardarei tudo dentro de minha arca como se se tratasse de um tesouro!!!!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Raminho


Raminho cinza, raminho nascendo
Vou esperar aqui sentada, teu sentir
Um verde se vê já em ti crescendo
E eu quero ver teu corpo a sorrir.

Ainda se houve o vento a segredar
Ainda formiga o frio que se faz bramir
Mas já tu sentes na seiva a germinar
Como a mãe da terra te vai vestir.

E eu quero estar por perto raminho cinza
Quero ver teus olhinhos verdes a delirar
Depois os olhos de meu saber, comparar...

Não sei raminho cinza, raminho que encinza
Se troco a tua cor, pelos meus a sonhar
Se espero, tua frescura me venha logo enfeitar!