quarta-feira, 16 de maio de 2012

Hoje sou pequenina


E fui desafiada pelo coração
Para que lhe cantasse uma canção
Mas que fosse numa melodia
Que mais ninguém conhecia!
E li livros e cadernos, inventos modernos
Bibliotecas inteiras, contos eternos
E no que estava escrito 
Era tanto, tanto o que me foi dito
Ousasse eu descobrir
O que escondia o seu sentir
Pois só via o dicionário a repetir:
- É músculo que o sangue bombeia
Que corre na tua e na minha veia...
E outras explicações que tais
Comuns a muitos animais!
Ai, mas se eu o sinto quando encanta
Se ele comigo conversa e canta
E por vezes tem briga feita
Quando algum compasso rejeita
E não consegue soltar a ponta
E a coisa fica feia, é afronta...
Como vou então inventar um acorde que seja
Cantar assim melodia servida em doce bandeja
De ouro ou prata, em Sol ou Lá sustenido
Como vou inventar melodia que lhe faça sentido?

Coração meu, coração dorido e cansado 
Coração que bem me falas quando enamorado
Ou até na angústia de um estado magoado
Eu por ti vou ao fim do mundo
Pois segredaste melodia bem no fundo
E eu te sinto em mim, no amor mais profundo!

(É que coração fez beicinho: só ele sabe dar carinho
E chora e faz birra, quando na vida caminha sozinho
Estaremos todos errados? - e se coração for um menino
Que só canta junto a outro, se amor for o seu destino?

Vamos lá então ensaiar:
Coração, coração, faces vermelhinhas
Bate as palminhas
E dá-me a tua mão
Coração, coração
Não me vais deixar, pois não?)