sábado, 31 de outubro de 2015

Outono





Tão sereno está o ar no movimento
Nem a brisa me toca com seu manto
Estou sonolenta sem alma em lamento
E com o outono na bainha do encanto
Vai o meu sonho bordando um corpete
Com linhas de chuva miudinha
E alinhavando o que em mim se repete
A mansidão do tecido, na ladainha
De um estar que o tempo me promete
Um aconchego de pura lã, branquinha

E reparo então que não estou sozinha
Alguém borda também a sua veste
Se encanta com o silêncio que acarinha
E chuleia a ponto cruz bainha silvestre
E vai no amarelo, o castanho misturado
Com o rosa do sonho de princesa
E se junta um azul, menino raiado
Na quietude de um som da natureza
E nas cores que o silêncio fala embriagado
Nasce cinzento, despe o corpo e é nudeza!