terça-feira, 26 de outubro de 2010

Azul coração


Quando os azuis falam em mim
nos folhos da minha camisola
quando olham para mim
e sentem a tristeza que me assola...
Não tenhas pena coração!
- Sente apenas que entendes
que quando na vida te prendes
se amarra o amor, enfim...
- Os violetas todos, azuis são
e são na saudade, cor carmim
vestidos de suave cetim
e com doçura te envolvem
em perfume de jasmim...
- Pssiuu...não digas nada...
guarda-te arco-íris para mim!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Insónias


No quarto crescente de parede negra
Uma luz brilhante passeava pela cidade
Era hora de Hipnos que alma se entrega
E meus olhos abertos na sua claridade

Não sei se por motivo se por força de sentido
O meu coração dos deuses não queria abrigo
Eu me quedava muda, ouvindo o terno gemido
Do silêncio, da luz da lua que brincava comigo

Não tinha sono, não tinha medo, não tinha nada
A barra do lençol, tocava suave a minha face
Florinhas azuis enfeitavam a minh`almofada...

Talvez o relógio dos dias, o ponteiro acertasse
Com o compasso do coração, na noite calada
E o tempo para a vida, em mim se inventasse!...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Outono em mim


Com o coração rendilhado de pérolas de chuva
Ouvindo burburinho do piso molhado da cidade
Pensando em cheirinho de vindima de fresca uva
Sinto de mansinho, o sol de outono, em claridade

E oiço o regato a correr inquieto em vertente
Vejo ondas do meu mar, em seu iodo ondulante
Toco as margens do ar, afago que sinto carente
Das meigas carícias, de um chamado de amante

E com os sentidos bailando no meu peito aberto
Mesmo que na cortina do meu quarto, fechados
Sinto-te meu outono, com pés na terra molhados...

E correndo ligeirinho, no meu corpo de verbos cansados
Dou por mim a sorrir às chuvas, ternuras a descoberto
E sei em mim, teu sentir é meu sonho de ciclo coberto!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Simplesmente...

Pintei tanta ternura na conjugação do verbo ser...
será que desenhei afago certo, no verbo entender?

Flor em néctar, doce e perfumado...
e com tanta naturalidade e certeza
se transformando seu todo na Natureza...

Simplesmente...
sem atropelar presente, futuro ou passado
nas asas de um Ser, em labor desenhado!...