terça-feira, 30 de março de 2010

Fonte de Luz



Olha a pérola miudinha
que corre por carreirinho
como aquela fonte prata...
Vem meu amor acolher
o corpo do meu dizer
debaixo da luz que se aparta...
Sabes, hoje vai ser lua cheia
o sol primaveril vai a fugir
cantando sua amada tocata...
A noite é um corpo de negro
que nos envolve em segredo
e a lua canta uma serenata...

Dois apaixonados...tão afastados
Fulgor...e a maré em som de catarata!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Sonho de Jardim


E o anjo alou e ao céu voltou
e a sua ternura ele me deixou!


E eu que assim, ando bailarina
Musa de ondas violetas
Com alquimias secretas...
Um anjo de branca batina
Com asas jeito brisa de marfim
Veio sentar-se juntinho de mim...
Pousou em meus sonhos de menina
Toda a graça em quimera bondade
Beijou-me, com néctar sem ter idade...

E eu sorri...
carinho intenso como perfume de jasmim!

sexta-feira, 19 de março de 2010

Saudade de anjo


Hoje eu estou parada
Assim quase um nada
Como a lágrima
Que rola em solidão
Mas só dentro do coração
Que olha através da janela
A chuva, a brisa, feita sentinela
Num quadro de plena apatia
Em que não falta utopia
Dos silêncios medrosos
Que vêm bem buliçosos...
Hoje acordei sem anjo por perto
Para afagar o meu deserto
E tive saudades de ti...
Tantas, tantas...que quase morri!

domingo, 14 de março de 2010

Amor (fica pertinho)


Não fujas maré de água viva, em chama
Que em fogo lento, tua brisa vai no vento
Fica pertinho de mim, me toca, me ama
Deixa-me beber em teu corpo de sustento.

Não fujas luar de Janeiro em corpo inteiro
Nesse azul de rosa, que vai no firmamento
Deixa junto a mim, sabor maior feiticeiro
Fica pertinho de mim, sê o meu convento.

Quero-te tanto e mais, em tal envolvimento
Que não sei cantar as trovas do pensamento
Só sinto o Verbo a nascer, por dentro a doer...

Fica pertinho de mim, quero de ti beber...
Farei para que no estar, possas entardecer
E só Afrodite suspire no nosso casamento!

domingo, 7 de março de 2010

Página de vida


Na página aberta de ecrã de branca luz
a letra bordada de romance ponto de cruz
no cimo do livro que leu "era uma vez"
lhe veio lembrança da vida que se fez
evocando aurora, navegando no passado
cresceu, ficou sem nome e cantou seu fado!

Era azul, era poema, era dor, era solidão
giesta, amor-perfeito, dente-de-leão
era cor de paisagem a suar maresia
que no topo da serra, uma árvore floria
era barro de lama, num corpo com frio
que no tempo do fogo se aninhou e sorriu!

Era tudo era nada, no cimo de alta alvorada
contando seu tempo, na sebenta amarelada
jardinando na estrada de estreito caminho...
um dia, página aberta de um livro sem lombada
abraçou pétalas e pedras do amor sozinho
e cantou destino, como deleitoso mosto de vinho!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Devaneios


Uma flor bordada a seda branca no espaço
Tinha dias e dias de cansaço debruçada
Sonhava entre a cor da paz do seu regaço
Abraçar o quente e a luz na sua estrada.

Não que o sol lhe faltasse todos os dias
Porque de vez em quando ele lhe sorria
Mas por vezes eram tantas as fantasias
Que zangado de seus devaneios, ele fugia.

Ah, sol não te vás embora agora, prometo
Entre estes meus sonhos de flor bordada
Aquietar-me com meus segredos, abrigada...

E no azul do céu, com a tua cor tão dourada
Flor só será, em branca cor no teu puro leito
Sempre atenta, ao amor carente do meu peito!