sábado, 30 de janeiro de 2010

Mensagem


No tecto do céu espreito tanta vez
Na procura de meus eternos porquês
Hoje quando espreitei e tão linda te vi
Julguei que cantavas e de alegria sorri.

Imaginei lá no fim de outras bandas
Outro alguém que também te olha assim
Fiz as contas, como tu no céu andas
E achei que meu amor pensava em mim.

Porque será que teu feitiço é grande, não sei
Mas certo é, que o céu me trás o teu recado
E fico eu tão serena, pensamento enamorado...

Lua feiticeira, leva esta mensagem a meu amado
Não o acordes! - diz-lhe que com amor o beijei
E saudade que vai contigo, em estrelinha eu deixei!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Gotinhas de cristal


Qual gotinha de cristal, se debruçavam
de duas varandas que enfeitavam...
- não, não tinham janelas, nem cinderelas!
tinham apenas um olhar, somente delas.

Também não eram de chuva, nem fonte
nem do mar sabiam o seu horizonte...
eram apenas gotinhas e nada mais
preciosas só na origem de seus ais.

E foi assim, que caíram devagarinho
das varandas que enfeitavam em beirais
um toque suave, um gemido, nada mais...

Na sua queda qual balada de mansinho
como o soar de piar de belos pardais
enfeitaram coração, ao som de seus ideias!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Não, hoje não


Na janela entreaberta já o sol aparecia
nos braços dos cortinados desenhados
ele se pendurava e parecia que sorria...

Tanto cansaço adornava a minha apatia
um querer do ser, os sentimentos parados
dia que sorria, era minha noite que sentia...

Aconcheguei-me ao sorriso do sol envergonhado
deixei que a lágrima limpasse a fadiga
e fosse sem eira, nem beira, a dor p`ra outro lado...

Ah, como tem dias que nos julgamos tão fúteis!

Míseros, sem préstimo, os seres mais desolados
e sem o sol...os sentidos vão ficando apagados...

E nossos amores tão desapegados e inúteis!

Roda aquela velhinha vadia, deprimente angústia
viaja na carruagem do caminho, sem serventia...

Não, hoje não...não te quero companhia na minha estrada
Quero-te longe...desce já! Na paragem escolhe outra morada...

Lá bem longe!...sem raminho, sem menino, sem água da fonte
Lá para trás...do mais longínquo horizonte!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Frio cheio em calor


Hoje tenho frio, tanto frio desenhado
que trago num robe branco enfeitado
com a pura lã, feita algodão
uma poção de calor entranhado
num interior que me aquece o coração...
Trago no meio do frio, uma vela acesa
para iluminar com mestria a Natureza
e afagar com carinho algum senão
que ilumina o caminho da mão...
E vai iluminar o meu grande desejo
de levar, qual calor de puro beijo
a quem está a crescer na ansiedade
que vive a solidão, da qual cidade...
Do mundo, tão perto e tão longe de mim
que tem dias em que o frio é tanto assim
que poção vem, em forma de poesia
e faz nascer sentimento, na alquimia
entregando ao seu destino, uma flor
que passeia no frio, dentro do meu calor...

e na doce melodia...canta uma ode o pastor!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Lá...faz de conta


Lá no fim do nunca, no meio do faz de conta
Para onde outrora, a memória reside e aponta
Assistem lembranças, do carinho das crianças
E na roda da ciranda bela, giram temperanças.

Não, não sei se por magia, tempo ou saudade
Vêm à memória as brincadeiras da doce idade
Patinam escondidas, pelos muros desta cidade
Na falta da suavidade, de uma doce liberdade.

Solta-se o nosso grito, tão surdo, oculto e mudo
Que trepa num aparato, feito de nada e de tudo
Servindo o nosso tempo ilusão, caminhos ledos
E a gente cresce, enfrentando segredos e medos.

E carregando as mágoas do amarrotado coração
Vêm-se os sonhos almejados, varridos pelo chão
Procurando no desespero, suavidade em doce mão
E na lágrima que cai, a procura de algum perdão.

E condimentando, canto onde se esconde a magia
Em regato, saltita o sangue em terra húmida e fria
E esquece-se a dor, embrulhando mel, a cada dia...

Lá no fim do nunca, no meio do faz de conta
Para onde um sorriso, ainda se afoita e apronta
Lá, onde o nunca é quase tudo e o nada se remonta...

Lá...o faz de conta num coração de poesia!