segunda-feira, 26 de abril de 2010

Cores de mim

Imagem autorizada e " roubada" ao extinto Folhas da Gaveta

Por vezes não sei
se o sangue é vermelho
se é da cor de espelho
que suaviza o mar...
Por vezes não sei
se o sangue é azul
cheiro em rosa de tule
que habita no ar...
Por vezes não sei
se o sangue é branco
como a neve de pranto
que a terra vem afagar...
Por vezes não sei
se o sangue é amarelo
roda de estrela em elo
que o verde faz vibrar...
Ah, mas uma coisa eu sei!
Só o sinto seiva a correr
vermelho em línquen de águas
num sal branco sem mágoas
subindo céu azul em alquimia
entoando sol, verde sinfonia
em arco-íris de paz a navegar...

fragilidade a bailar, no seu amimar
e na noite, escorrendo o silêncio
com a luz da lua, no seu bocejar!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Vida em fogo


Mergulhei na cova funda do sentido
uni com a amarra da alma a vontade
senti que estava presa na verdade
de um mundo que não tinha nascido
e todo o corpo se contorceu na ansiedade...
enrolando o meu corpo de febre a arder
abracei-me com os meus próprios braços
para fazer desaparecer aquele entristecer
que era um nada, na cabana do viver
de todos os meus derradeiros passos...

querendo apagar do rosto todos os cansaços...

morri, feito luz vermelha de feno a arder
com a cidade inteirinha por cenário
desejando acordar, num outro amanhecer...

e vi...dentro de mim, a emoção era campanário
que me abrigava de medos, que a vida fez nascer!

terça-feira, 13 de abril de 2010

Quimera de sal


A pele sabe, a voz soa, a mente voa
No teu corpo de molhado ensejo
Navego pelas ondas sem que me doa
O mundo das dores que não desejo.

E corre em balada, som de Neptuno
Sinto-o escorrer em meu corpo a arder
Como se esse sal se fundisse uno
Ás vestes de um delfim a adormecer.

É uma harmonia de sensualidades a delirar
Quando meu corpo pelo teu, se sente tocar
Navegando entre as utopias do rochedo...

Vejo-te longe, vejo-te perto, vejo-te a medo
Não quero ir embora, quero contar-te segredo
A doce quimera a baloiçar em ti, meu desnudar!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Colo


Desejo tanto e tão intensamente
de tão intensamente que desejo
que o meu intenso o consente
consentindo-o como puro beijo.

Neste andar assim insistente
insistentemente descontente
não vejo porquê este ensejo
se faz desejo, chama ardente.

Que procura em desejo imenso
no insistente descontentamento
neste andar assim como no vento...

talvez um tudo e nada que acalento
um desejo puro sal de mar, sedento
ou simplesmente...o teu colo intenso!